terça-feira, 30 de julho de 2013

Resgatando costumes

Por Fernanda Felipe

Na mitologia grega tem uma passagem em que Hera pega emprestado o cinto mágico de Afrodite (cujos bordados enfeitiçados despertavam desejo e amor) para seduzir Zeus.

As mulheres, na antiga Europa, teciam cintos longos de lã vermelha e com franja nas extremidades que passavam de mãe para filha e eram usados para facilitar a concepção e parto. Esses cintos eram tecidos numa reunião de mulheres que colocavam todas suas energias e intenções para que o cinto realmente trouxesse essas energias para quem usasse. Também teciam roupas para os recém-nascidos entoando canções que prediziam dons e votos para que o bebê vivesse uma vida feliz.

[caption id="attachment_1198" align="alignleft" width="221"]De mulieribus claris weaver De mulieribus claris weaver - Foto: Reprodução Wikipedia[/caption]

Desde a antiguidade a arte de tecer é usada para vestir, aquecer, transmitir energia e intenção para que for usar a peça. Essa tradição se perdeu com o passar do tempo.  Mas, nos dias de hoje vejo que estamos resgatando alguns costumes do esquecimento. Mesmo sendo de forma inconsciente estamos resgatando os encontros para tricotar/crochetar.

Vemos que já temos vários grupos formados e que se encontram com regularidade, como o Tricota Curitiba. Nesses encontros fazemos novas amizades, aprendemos novos pontos, novas técnicas, novas receitas, mas, acima de tudo saímos renovadas e confiantes. Nossas mentes saem fervilhando de ideias para novos projetos. Nossa autoestima sai fortalecida e esperamos ansiosas pelo próximo encontro.

Se conversarmos com as mulheres que acabaram de sair de um encontro desses constataremos que a grande maioria saem felizes dizendo que o encontro foi muito bom e que pretende voltar no próximo.

Não tem como alguém contestar que esses encontros trazem muitos benefícios para as participantes. Observando esse fenômeno dos encontros, relembrando como as mulheres faziam na antiguidade e vendo alguns projetos de entrega de peças tecidas para as pessoas menos favorecidas no inverno me fez pensar em recuperar os costumes antigos de tecer roupas com intenções e votos de energias positivas para as pessoas que precisam.

Por exemplo, podemos fazer uma manta de cura. Onde cada um tece um quadrado e enquanto tece coloca a intenção de cura visualizando a pessoa andando, rindo, alegre, fazendo as atividades do dia-a-dia. Podemos também cantar canções alegres, fazer orações (cada um na sua crença) e o que cada um achar melhor. Montamos a manta e entregamos para a pessoa usar durante o período de recuperação. Depois da recuperação a pessoa pode usá-la como uma fonte de energia naqueles dias em que se sentir esgotada.

Podemos também fazer roupinhas de bebê para alguma amiga que esteja grávida colocando nossa intenção. Cada peça será a representante de um voto, que pode ser que ele cresça com saúde, que tenha prosperidade, que seja inteligente entre muitas outras coisas. Para fixar nossas intenções podemos usar o fio na cor do nosso desejo. Por exemplo, verde ou azul para a saúde, amarelo para dinheiro, laranja para prosperidade, rosa para amor, marrom para estabilidade, lilás para espiritualidade e assim por diante.

Usando essa ideia podemos ajudar várias pessoas, em várias situações e o que é melhor ajudando os outros estamos ajudando a nós mesmos, pois a nossa energia estará sempre se renovando e fortalecendo. Pense nisso e coloque em prática.

Nenhum comentário:

Postar um comentário