quinta-feira, 20 de junho de 2013

Ser a mudança

Por Clara Quintela

Há algumas semanas o Brasil ferve com manifestações em todas as cidades, capitais e interior. Eu aqui longe sofro frustrada, com vontade de estar junto, lendo tudo que posso, informando meus amigos daqui o que está acontecendo.

A onda de protestos começou por causa do aumento de R$0,20 na tarifa dos ônibus. É 20 centavos, que para você pode não ser nada, mas para outros pode representar muito no final do mês. Mas 20 centavos foram só o começo. Juntaram-se às manifestações os insatisfeitos com outros assuntos, como saúde, educação, copa do mundo, falta de segurança, etc. E a multidão cresceu. 100 mil em SP e no Rio, 10 mil em Brasília, 15 mil em Belo Horizonte... E várias vitórias: muitas cidades, como Porto Alegre, já concordaram em revogar o aumento das passagens. Outras cidades, como São Paulo, ainda negociam.

Talvez você não esteja ligando para esses 20 centavos, mas pense que esses mesmos vinténs não podem ser tão desprezíveis assim quando tem o poder de unir uma nação inteira. O poder de colocar nas ruas jovens e idosos de mais de 80 anos, sob ameaça de apanhar da polícia, dizendo não à decisão do governo.

O que vai sair daí, só o futuro dirá.

O que eu gostaria que ficasse de lição para todo mundo é que o coletivo tem força. Muitas de nós participam de listas de discussão. Na que eu modero, a Crazy Knitting Ladies, é frequente, semana sim, semana também, reclamações sobre qualidade de fios, falta de agulhas, mau atendimento de SAC das empresas etc. Acredite: quando começamos no Tricoteiras de Sampa, em 2004, era MUITO pior. A presença de funcionários e donos de empresas e lojas em nossa lista já é uma prova de que a nossa voz está se fazendo ouvir e algumas mudanças já aconteceram. E se ainda não está do jeito que nós queremos, é porque devemos continuar reclamando mais e mais.

Outro exemplo da força do coletivo: diversas campanhas solidárias têm acontecido em várias cidades. Maré de Amor, Saco dos Bebês, Irmãs de Lã, campanha do sapatinho, campanha do gorrinho, campanha do quadradinho... E muita gente já se beneficiou de trabalhos como esse.

Mas não paremos por aqui, discutindo problemas de nosso próprio interesse (fios e agulhas) e fazendo ações sociais. Lembremos daquele grupo de tricoteiras de Brasília, que na época do apagão nos aeroportos, iam protestar... Simplesmente fazendo um encontrinho no saguão do terminal.

Lembremos também da dona Cecília Terezinha dos Santos Silva, 65 anos, que em 2009, percorreu a esplanada com seu tricô nas mãos para protestar contra a PEC que prolonga o pagamento dos precatórios. Ela e outras 60 tricoteiras faziam parte de um grupo que passou três anos tricotando para aumentar o tecido enquanto a dívida não é paga. Desde então, 1,5 mil metros de tricô já foram produzidos. Parte dele foi entregue ao então presidente da Câmara dos deputados, hoje vice-presidente da república, Michel Temer (PMDB-SP), quando ele recebeu a carta manifesto contrária à medida, assinada por 166 entidades. (Fonte: http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=550825)

Você não precisa ser eleita vereadora para fazer algo efetivo pela comunidade onde você mora. Junte suas amigas, discutam o problema no bairro de vocês, recrutem mais gente vias redes sociais - o brasileiro é solidário e gosta de ajudar quando tem uma causa justa - e façam a diferença.

 

"Seja a mudança que você quer ver no mundo". Dalai Lama

 

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Um comentário:

  1. Acho que a mudança, antes de tudo, tem de começar com as nossas atitudes. Isso sim é um começo.

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