quarta-feira, 12 de junho de 2013

Copiar ou não copiar? Eis a questão!

Por Roberta Bronaut

Olá gente linda e talentosa!

Espero que esteja tudo na santa paz com vocês!

Ontem comprei algumas revistas de artesanato.

É uma das coisas que eu mais gosto: comprar revista e fazer tudo: com os olhos, na minha imaginação, não é?

Preciso de mais umas dezoito encarnações para dar conta de tudo o que eu já separei para fazer. Mas isso é outra conversa.

Quero contar prá vocês que estava me deliciando com as revistas quando uma pessoa que chamei para ver um trabalho fofo me disse:

 “Eu já vi!”

 “Já comprou esta revista, flor?”

 “Quase nunca compro, tem tudo na internet.”.

 

- Ai, ai...

Lá vem a Roberta com esta conversa de novo!!!

 

Não foi isso que vocês pensaram agora?

165842_444242038940668_781579839_nVou pedir que vocês “sentem” aqui do meu lado para a gente conversar sobre algumas coisas que eu acho que, e talvez vocês depois concordem também, são importantes.

Primeiro lugar: não sou contra compartilhar revistas. Não sou mesmo.

Me incomoda muito o fato de termos aparelhos que copiam cd, DVD, digitalizam imagens e ouvirmos que fazer cópia é ilegal.

Se é ilegal a lei está errada.

Se é ilegal a indústria que produz impressora, copiadora, scanner, etc. gerando emprego e recolhendo tributos deveria ser ilegal também.

É muito fácil jogar tudo nas costas da gente que, no final e no começo das contas, movimenta a economia.

Esclarecido? Não sou contra.

Quando uma amiga tem algum trabalho em revistas, eu compro.

Compro para que eu tenha a certeza absoluta que estou contribuindo para que aquela edição seja um sucesso de vendas, para que a editora venda muito, fature alto e convide ela e outras para divulgar o artesanato brasileiro.

Se pudesse dar uma sugestão, daria esta para vocês: prestigie o artesanato. Se você gostou do trabalho, prestigie.

Mesmo que você nem seja lá muito amiga da pessoa, se admira o trabalho, prestigia.

Todo mundo ganha!

A revista é um veículo que admiro muito: tem baixo investimento e é muito democrático, já que existem muitas formas de termos acesso a elas.

O que me preocupa, muito por sinal, é quando eu vejo que as pessoas compartilham receitas e moldes de quem desenvolveu aquele projeto e comercializou diretamente, seja através de loja virtual ou cursos.

Temos muitas pessoas que criam, trabalham 30, 40 até 50 dias para testar e desenvolver uma ideia.

Vende aquele projeto durante um curso, uma feira ou no seu site.

Dias depois seu molde está lá, disponível para ser copiado milhares e até milhões de vezes.

Isso sim, sou contra.

E claro, vou explicar: quando um artesão divulga um trabalho seu em uma revista já sabe de antemão que está doando o projeto e receberá divulgação.

Quando ele disponibiliza um molde para venda, a pessoa que adquiriu não deve disseminar este projeto, pois é justamente a receita desta venda que fornece o sustento do artesão; caso ele não tenha êxito de venda não poderá se dedicar a criação de novos projetos.

Algumas pessoas já me ofereceram um contraponto dizendo que esta cópia também é divulgação.

Infelizmente, minha gente linda e talentosa, isso não acontece.

A esmagadora maioria simplesmente copia e sequer dá os créditos.

Tem gente que até diz que é seu, que criou.

O que é uma coisa muito triste.

Desenvolver um projeto de outro para fazer uma peça para si é completamente diferente de quem copia e faz para vender.

Tenho pena de quem se apropria do talento dos outros simplesmente por lucro.

E tem muita gente ganhando dinheiro, posando de estrela em programas de TV, fazendo sucesso em feiras e eventos  como grandes artesãs quando  na verdade fazem de escada o talento dos outros.

Estas pessoas acham que todos nós somos tolos, que a única pessoa que pensa neste mundo é ela.

São pessoas que nunca sei se estão sorrindo para as pessoas ou rindo da ingenuidade delas.

O que eu sei é que podemos interromper estas injustiças cometidas contra pessoas como você e eu que ralamos, que tiramos força e tempo nem sabemos de onde para desenhar, recortar; que investimos em tecido, tinta, fios para “tentar” uma ideia que tivemos, para tentar oferecer o novo, o diferente.

Para evitar isso, a gente não pode se deixar levar pelo impulso.

Vamos avaliar com maior critério, é a minha proposta.

Assim a gente faz artesanato e faz o bem .Faz o que é certo.

Bacana é desenvolver os próprios projetos, executar e depois receber elogios merecidos.

É uma sensação maravilhosa!

Fazer o trabalho nosso inspirado no trabalho dos outros, não é pecado.

Dar os créditos, agradecer e mencionar de quem é a criação não é apenas uma atitude ética, demonstra que além de talento temos um senso apurado de respeito e de reconhecimento ao trabalho, não apenas ao nosso, mas de todos.

Um beijo carinhoso.

4 comentários:

  1. Eu tb amo ver revistas, me delicio em cada página, em cada foto, em cada receita, nunca me canso, primeiro vou com os olhos, memória, mãos, tb chego a pensar em fazer as peças, vejo algumas coisas q até já vi nos meu sonhos, ou nos meus pensamentos...ah...se tivesse tempo para executar todos os meus projetos. Já ouvi , se você não aproveitar um pensamento seu, uma ideia, uma intuição, aquilo fica vagando no ar e outra pessoa absorve. Tem até alguns exemplos de homens de sucesso que o mesmo ocorreu.... é verdade.... mas ...
    uma coisa é muito importante dar crédito a quem efetuou a peça, produto, arte.
    Temos q ser autênticos não só com as pessoas mas com nós mesma.

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  2. Eu que sempre dou creditos de onde tirei tal risco ja fui chamada de "anti ética" justamente por uma pessoa que não tem ética nem uma!!!! São estas pessoas que tem este tipo de atitude que voce relata neste desabafo Roberta.

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  3. Olá Roberta

    Achei muito interessante seu texto, esse assunto é sempre polemico e gerador de discussões. Existem as pessoas que acham que devem distribuir tudo e quem nao o faz é taxada de egoista entre outras coisas e simplesmente não pensam nos pontos que voce colocou e desconhecem totalmente a lei.
    Por esse motivo divulguei esse seu link nas minhas redes sociais, acho legal as pessoas conhecerem esse ponto de vista e parar pra pensar independente de sua opinião a respeito

    bjs

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  4. Oi Roberta, tudo bem? Parabéns pelo seu texto. Adorei. Penso como você.
    Copiar qualquer coisa para seu uso próprio, dando os créditos a quem criou não é nada ilegal.
    Ilegal é comercializar uma coisa criada por outra pessoa, se não for revenda.
    Abraço

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