terça-feira, 4 de junho de 2013

Arte que transcende as telas

A arte começou num encontro de amigas tricoteiras em São Paulo

Texto: Iris Alessi
 
A primeira imagem que pode vir a cabeça das pessoas quando se fala em obra de arte é um belíssimo quadro de um pintor renascentista. Mas a arte pode se manifestar em diversas formas, cores, formatos e lugares. Mas o que a arte quer é mexer, de alguma forma com as pessoas. E ela pode nascer em qualquer lugar.

[caption id="attachment_665" align="alignright" width="300"]Intervenção numa árvore - Crédito: Arquivo pessoal Intervenção numa árvore - Crédito: Arquivo pessoal[/caption]

Como em qualquer lugar pode nascer um artista. Foi durantes um encontro numa praça, em março de 2012, no qual ensinava amigas a fazer tricô que Letícia Matos iniciou suas intervenções artísticas. "Lembrei que tinha uns moldes de pompons e produzimos alguns, coincidentemente 13 pompons. sugeri que colocássemos numa árvore", recorda.

Os 13 pompons da brincadeira na praça deram nome ao projeto. "A experiência foi tão encantadora pra mim que decidi continuar fazendo intervenções, sempre colocando 13pompons em cada uma. vi que através dos fios poderia manifestar minha criatividade e interagir no espaço urbano", afirma.

Mas o amor pela técnica do tricô veio muito antes. Letícia aprendeu a tricotar com a mãe, em Porto Alegre, quando tinha entre sete e oito anos de idade. A artista conta que nos momentos que a mãe estava tricotando sempre estava "colada" com ela. Mais tarde ela aprendeu também a fazer crochê. Hoje ela usa as duas técnicas e mais os pompons para realizar suas intervenções. "Eu prefiro o crochê, acho que ele dá mais liberdade para as formas."

Letícia já fez arte em diversas cidades do mundo. São Paulo (SP), Santo André (SP), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Brumadinho (MG), Paraty (RJ), Goiânia (GO), Buenos Aires (Argentina), Mendoza (Argentina) e Uspallata (Argentina) receberam os pompons e as intervenções de Letícia. Mas não foi em nenhuma viagem internacional que Letícia encontrou o lugar mais desafiador.

“[O maior desafio] uma árvore de cobre que fiz aqui em São Paulo, na frente da loja Art de Vie, pertinho do Pacaembu. O trabalho em si não foi tão desafiador, mas subir naquela árvore que eu nem sabia se aguentaria o meu peso foi demais. Um visual lindo de São Paulo lá de cima. Foi emocionante. Mas tenho vontade de fazer alguma intervenção maior, ainda não sei bem o quê.”

[caption id="attachment_668" align="alignleft" width="300"]Intervenção em bancos - Crédito: Arquivo pessoal Intervenção em bancos - Crédito: Arquivo pessoal[/caption]

Os lugares que a artista mais gosta de realizar suas intervenções são as áreas mais urbanizadas. “Gosto do contraste das cores e da textura nos lugares em que todos estão mais correndo do que observando, onde tudo é mais cinza”, explica. No entanto o processo criativo não tem um “padrão”.

Vida

A autodivulgação – via Instagram, por exemplo – fez a arte de Letícia se transformar no que é hoje. E muita coisa mudou na vida dela de lá para cá. Antes ela dava aulas de ioga, mas como o projeto tomou uma dimensão que ocupa mais o tempo dela, ela passou a dedicar mais tempo às intervenções.

Claro que o tricô e o crochê também ocupam o tempo livro de Letícia. “Dedico todo meu tempo livre pra criar, tricotar, crochetar e fazer pompons.” Em qualquer lugar que ela esteja, entretanto ela revela que não faz blusas e casacos. “Eu sempre faço algo pra colocar na rua, em móveis. [...] Taí uma coisa que to curtindo muito fazer, o slow design, aplicar tricô/crochê em móveis. Criar algo atemporal, que tem história, que tem pessoalidade e exclusividade”, conta.

E é assim que as artes de tricotar e crochetar fazem parte de Letícia, pois ela diz trabalhar com as técnicas o tempo todo. “É nas tramas e nas cores que eu me mostro, que me exponho. tem muito de mim, das minhas histórias, dos meus sentimentos impregnados em cada trabalho.”

Arte

Além das intervenções, Letícia também teve outras experiências artísticas. “Fiz um pompom gigante, com 1m de altura, coberto com mais de 1000 pompons, que ficou em exposição numa galeria de design em BH”, recorda. E, há pouco tempo, colocou o trabalho no Banco Goma da designer Renata Moura. O trabalho participou da semana de designer de Nova York.

Confira a galeria de fotos do trabalho do 13 pompons de Letícia Matos:

Crédito: Arquivo pessoal

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