segunda-feira, 10 de junho de 2013

O vício de aprender sempre mais

Por Camila Alves

Desde pequenina eu me lembro de ter um grande interesse por manualidades 'antiguinhas'. Com uns sete anos, pedi para minha mãe encontrar alguém que pudesse me ensinar a bordar desenhos finos. A cara de espanto foi a mesma que vi algumas outras vezes, como quando pedi para aprender a bordar tapete, estudar latim e árabe ou aprender a fazer renda de bilro (sim, vi na escola e fiquei louca! Lá nos idos da minha quase década de vida).

[caption id="attachment_720" align="alignright" width="300"]Quadrado em crochê feito recentemente por Camila - Crédito: Reprodução Instagram Quadrado em crochê feito recentemente por Camila - Crédito: Reprodução Instagram[/caption]

Não funcionou. Fui aprender depois de grande, e alguns daqueles desejos ficaram no baú. Foquei no tricô e, mais tarde, no crochê, sempre buscando aprender mais e mais. Perguntava por telefone para a tia de longe, para a dona da loja, para qualquer amiga que tivesse ensinamentos a dividir.
Então chegou até mim a internet. Deliciei-me madrugadas a fio nos blogs lindos que encontrava nas minhas andanças. Da mesma forma, vieram os livros, as agulhas diferentes, as receitas! O top down, as peças sem costura, os pontos! E meus olhos brilhavam a cada descoberta, por mais singela que fosse! Até hoje brilham!

Tanto que meu coração se enche de uma felicidade absurdamente genuína quando consigo fazer algo novo. Mas ele se enche de uma alegria ainda maior quando consigo passar o que aprendi para alguém. Quando consigo dar uma dica, clarear uma dúvida, ensinar a diferença de um ponto torcido. Fico radiante quando percebo que gente que nunca me viu confia a mim o seu medo das agulhas, sem sentir vergonha, relaxa e sai da aula feliz da vida, com uma boa parte da peça pronta.

Já fiquei chateada com pessoas que vieram conversar comigo dizendo saber tudo, que não precisam mais aprender nada e nunca mudariam o jeito de fazer o que dava certo por uma vida. Hoje levo com jogo de cintura e, em geral, de forma divertida, explico que se ficássemos sempre fazendo apenas o que sabemos, a evolução seria muito mais lenta.  Se é que haveria! Na maioria das vezes, a barreira é quebrada, e como um gatinho em busca de afago, a pessoa chega de mansinho, "só para perguntar como são as agulhas circulares de bambu". Eu explico, deixo experimentar, mostro como encontrá-las.

Assim são meus dias. Trabalho com os desafios de aprender e ensinar uma das coisas que mais gosto de fazer na vida. Se é que posso chamar de trabalho. Passo horas pensando e procurando cursos profissionalizantes de tricô manual, para melhorar, e ensinar mais. Acredito que tudo que captei em várias experiências de vida é muito grande para ficar só comigo. Não cabe aqui, precisa ser dissipado, dividido. Pois da mesma forma que ensino, aprendo muito. Com imenso prazer, porque a cada dia que passa, mais acho que menos sei e mais quero aprender.

3 comentários:

  1. É isso aí Camila, já ouvi um Frei dizer: o nosso copo nunca ta cheio.Parabéns!

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  2. Nunca é tarde para se aprender alguma coisa. Afinal, quem acha que já sabe tudo, torna a vida muito sem graça. ;–)

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  3. É mesmo, meninas!
    Nunca é tarde para se aprender, e nunca é tarde para ensinar! Coisa mais linda essa troca de boas energias!
    :)

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