segunda-feira, 17 de junho de 2013

Pode ser para amanhã?

Por Camila Alves

Volto novamente à saga das não encomendas.

Já contei o motivo que me faz não ser lá muito fã de aceitar encomendas. Mas eis que essa semana que passou, me surpreendi com o telefonema de uma moça. Fui indicada a ela por um amigo em comum.

Escutei o que ela dizia, junto com a lamúria de ter se cansado de tanto procurar alguém que fizesse crochê e tricô manual. Combinei então de encontrá-la. Chegando no local, eis que me deparo com ela, seu lindo cãozinho e duas sacolas de fio. Duas. Cheias! Tudo aquilo era para a confecção de pecinhas delicadas e fofinhas, para o propósito de serem usadas em um estúdio fotográfico, especificamente para bebês recém nascidos (newborn babies, como são chamados os books).

Olhamos novelo por novelo, discutindo o que poderia sair daqui e dali. Vi algumas imagens, anotei referências de sites e, nem preciso dizer, a cabeça já estava a milhão (porque não é por não gostar de fazer encomendas que não tenho uma capacidade criativa insandecida frente a novas oportunidades!).

ampulhetaBem, ideias trocadas, cada uma seguiu seu caminho. Na pressa, 'só' esquecemos de mencionar duas coisinhas: valor e... prazo. PRA.ZO!

Trabalhei à tarde, como de praxe, e à noitinha, chegando em casa, fiz mais algumas pesquisas antes de começar (afinal, Santo Deus, qual seria o tamanho da cabeça de um bebê recém nascido? E o comprimento das costas? Pézinho? Alguém? Até tenho uma amiga amada que acabou de ter uma bebê linda. Mas tenho também bom senso de não incomodar mamãe nenhuma que recém voltou para casa com sua riquezinha!).

Bem, encontrei algumas receitas, comprei outras, e mãos à obra. Lá pelas tantas, toca o telefone. Era ela, perguntando sobre o valor. Como já tinha entendido a dificuldade de cada tipo de peça, isso foi tranquilo de resolver. Mas quando ela perguntou se as pecinhas poderiam ser 'para amanhã', fiquei muda. Pensei um pouco, milésimos de segundo. Expliquei que não tinha exatamente nada pronto, e que no outro dia poderíamos conversar para eu dizer quando teria algo. No outro dia cedo, recebi uma mensagem, dizendo que ela tinha um pouco de urgência, e que seria bom se eu entregasse algo naquela tarde.

Minha mensagem foram, na verdade 3. A primeira, pedia desculpa por não er entendido exatamente a pressa a qual ela se referiu no primeiro encontro. A segunda, foi para explicar o porquê da demora em se fazer uma peça manual. A necessidade de testes, o trabalho em si. A terceira foi determinando o prazo para o início da próxima semana, ponto. Amanhã ela receberá lindos conjuntinhos para suas fotos.

Tudo bem que vivemos em uma era de imediatismos exacerbados, mas minha busca no trabalho manual é o caminho contrário a isso. Saí de grandes empresas por não querer essa loucura toda. Evito o mais que é menos, sempre em busca do menos que é mais. Mais contato com os amigos, mais risadas, mais tempo para a sobrinha, para o gato, para o que quero e gosto, para nada se eu assim desejar. Mas esse nada, geralmente vai para as agulhas...

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