Tricoteira nível iniciante

Por Clara Quintela

Uma das coisas que mais escuto nos grupos e listas de tricô que participo é a frase "sou iniciante", aplicada em diversos contextos.

A pessoa usa a frase "sou iniciante" quando a colega mostra uma receita linda que ela julga que é muito difícil, mesmo sem nem ter tentado fazer.

Ou então quando ela quer tirar uma dúvida e tem vergonha de ser uma pergunta muito óbvia, muito bestinha, então ela usa o "sou iniciante" à guisa de desculpa antecipada.

Ainda, para se esquivar de participar de algum TJ ou de algum encontro. Acha que as demais participantes são superiores e ela está aquém, não é digna de estar no mesmo grupo.

Aiiihn.... posso falar? Preguiça dessas "iniciantes", viu?

Nas três situações acima, só uma certeza: essas pessoas (e são várias!) têm medo e vergonha. Medo de errar e vergonha de se expor e assumir que não sabem.

Pois eu vou revelar um segredo de todas as melhores tricoteiras que eu conheço: todas elas também se dizem iniciantes.

Ficou chocada? Pois faça o teste. Saia perguntando para as pessoas que você admira se elas sabem tudo, se elas também não ficam ansiosas diante de uma técnica nova. Todas ficam. Eu garanto. A diferença é que, diante de uma técnica nova, elas não paralisam no medo. Pelo contrário! Cada novidade, cada receita nova, cada encontro é uma oportunidade de crescer, de aprender, de desenvolver, de experimentar.

E elas sabem que se não ficar bom, elas sempre podem desmanchar e refazer. Ou usar o fio para outra coisa.

Pense assim: se você só fizer cachecol em ponto turco, você só terá cachecol em ponto turco. Enquanto não arriscar algo novo, não desenvolverá novas habilidades.

Moral da história: ser uma tricoteira iniciante é, no fim das contas, uma coisa inevitável, porque a gente está sempre começando um trabalho novo e aprendendo novas possibilidades.

O que uma tricoteira iniciante precisa de verdade é ser também intrépida, isto é, sem medo. Aí, sim. Essa é a combinação perfeita.

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