Por Camila Alves
Era feriado e eu estava visitando minha mãe em Curitiba. Não lembro ao certo a data, mas eu já tinha meus vinte e poucos. Há alguns anos eu tinha me mudado sozinha para Farroupilha, para fazer a desejada faculdade de Moda e Estilo, onde aprofundei meu interesse pelos conhecimentos sobre malharia, fios, tingimentos e tramas manuais.
Sempre amei o tricô, mas não tinha quem me ensinasse. E eis que naquele sábado, recebi uma revista cheia de receitas de blusas e cachecóis. Decidi, naquele momento, que os desenhos dos pontos ilustrados ao lado dos modelos seriam suficientes para que eu aprendesse a tecer. Afinal de contas, naquela época não tinha essa de Youtube, não. E internet, mal e mal na biblioteca da Universidade!
Fui então até o armarinho do bairro e pedi: "Moça, eu quero lãs para fazer essa blusa aqui.". E mostrei o modelo pink, de cavas raglan. Ela me deu uma lã super popular, da mais barata, porque seria aquela a minha primeira experiência. E lá fui eu. Sentei no sofá e em uma tarde tinha tecido a parte da frente até as cavas. Feito heroico, ao meu ver!
Voltei para Farroupilha e depois disso, lembro de três momentos mais, até a blusa estar pronta para usar. O primeiro foi a estreia nas agulhas circulares. Ela era velhinha, estava horrível, com o cabo todo quebrado, as pontas descascadas, mas deu conta da gola alta, sem costura! O segundo momento foi quando terminei a frente da blusa, e não sabia arrematar. Liguei para minha mãe que, por mais que não fizesse tricô, sabia como me ajudar. Por telefone, fui fazendo o que ela dizia e pronto, lá estava a malha fora das agulhas! Por último, lembro-me de quando terminei de costurar a blusa. Choque total! As cavas pareciam um balão. Dei tanta, mas tanta risada, e resolvi inventar moda: catei uma agulha, uma lã colorida, e fiz uns pespontos grossos, ajeitando as sobras para dentro. Prontinho! Estava tricotada, ainda que cheia de ajustes mal feitos, a minha primeira peça, orgulho geral!
Acredito que junto com ela nasceu o meu trauma de costurar qualquer coisa feita em tricô. Motivo pelo qual só fiz peças inteiras, até aprender a fazer arte sem costuras... Mas isso é assunto para outro dia!
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Caramba que menina mais intrépida! Hahaha, você ainda tem a blusa guardada? Quero ver!
ResponderExcluirParabéns pela sua iniciativa, legal poder ver você escrevendo aqui. Vou acompanhar viu?
É asim mesmo, Camila... Se a gente gosta e é determinada, vai meio que pelo faro, e chega lá!
ResponderExcluirBjs!
P.S.: Também quero ver essa blusa... ;-)
Adorei seu artigo, e admirei sua coragem. beijocas, e parabéns pela nova empreitadada.
ResponderExcluirMuito legal essa historia! Bacana ver onde a determinação pode nos levar...
ResponderExcluirParabens, Camila!
Gente, muito obrigada pelo carinho!
ResponderExcluirDemorei bastante para criar essa coragem, e ainda hoje olho algumas receitas e penso: Será que um dia conseguirei?
Mas nada que um pouco de paciência e atenção não resolvam! As vezes, a coisa encanta (até porque, por conta do trabalho, além de fazer as receitas que gosto, preciso criar coisas super simples diariamente! E haja cérebro! Rsrsr). Mas sai. E é isso que importa!
Beijocas,
;)