domingo, 5 de maio de 2013

Passado, presente e futuro

Por Clara Quintela

Até parece que foi ontem que minha amiga Beth me convidou para ir tricotar no café da Pinacoteca de São Paulo, com mais outras sete meninas. Mas não. Foi em outubro de 2004, quase nove anos. Depois daquele encontro, fundamos o grupo que ficou conhecido como “As Tricoteiras de Sampa”, organizamos a primeira lista de discussão sobre tricô e o primeiro site sobre essa manualidade. Tudo grátis e sem nenhum vínculo com nenhuma empresa do setor.

Sim, eu tenho orgulho de ter feito parte desta turma e de depois, quando o grupo acabou, ter continuado a trabalhar para divulgar o tricô no Brasil.

Quem está chegando agora e vê lojas online no Brasil, vendendo agulhas circulares e fios importados, nem imagina a peleja que foi convencer lojistas que, sim, havia público para esse tipo de produto. E não só isso: hoje até os fabricantes estão se rendendo pouco a pouco a nova realidade, um novo tipo de tricoteira que quer produtos de qualidade. É claro que não estamos satisfeitas - e, desconfio, nunca estaremos 100%. Mas, acredite: já foi muito pior.

Outra coisa que mudou muito é a quantidade de informações, dicas, receitas, tutoriais que temos agora em nossa própria língua. (Ok, não podemos dizer a mesma coisa sobre livros e revistas, mas também acredito que isso vai mudar com o tempo.) Por isso fiquei muito feliz quando fui convidada para escrever uma coluna no site Informação em Ponto, mesmo morando longe do Brasil.

E apesar da distância, fico feliz que as coisas hoje estejam diferentes, que posso continuar colaborando com essa evolução e fico imaginando: onde é que estaremos daqui outros 10 anos?

 

ENQUETE: o que você acha que falta no mercado brasileiro? (em termos de tricô/crochê, claro) - Deixe sua opinião no campo "comentários".
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25 comentários:

  1. Parabéns, Clara! Hoje em dia, o "morar longe" é muito relativo e conseguimos vencer este pequeno obstáculo com apenas alguns toques no teclado. Esta luta pelo tricô no Brasil apenas começou! Grande abraço!

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  2. o que falta no mercado brasileiro são produtos brasileiros, como as agulhas Duna, que chegaram e sumiram, não se acha mais nas lojas

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  3. Ilza tem razão! Estamos caminhando na criação de receitas,acredito que o próximo passo será maior divulgação seja através dos e- books ( só temos um exemplar por enqto) ou de livros impressos, os nacionais são relativos a pontos( traduções, melhor que nada!)
    Que venham muitas matérias! Sucesso!

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  4. Do que mais sinto falta? Agulhas circulares de qualidade...

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  5. Sinceramente, eu acho que o que falta no mercado brasileiro é frio. Daquele que se mede com termômetro. Não dá para pensar em "mercado brasileiro" sem pensar que a maior parte do Brasil está debaixo do Equador. E sim, isso faz toda a diferença.

    É claro que existe o regionalismo. Há sim cidades (e até estados) em que há frio vários dias do ano. Porém, quando você pensa em "mercado brasileiro" você tem que pensar em empresas nacionais vendendo tanto para o sul quanto para o nordeste.

    Uma modernização, somente, da aplicação do trico e croche não é suficiente, apesar de ser extremamente necessária. Não adianta eu fazer uma blusa super moderna, cheia de brilho, e com lã 100% natural e orgânica se não faz frio para eu usá-la.

    Porém, também não adianta eu continuar fazendo tapete de crochê colorido e feio.

    Para pensar em "mercado brasileiro", IMHO, é importante adequar a técnica ao uso, além de modernizar as peças. Blusas frescas, rendas, fios menos "quentes" e mais "frescos". Peças mais maleáveis.

    Além de "modernização" uma "adequação" ao clima.

    Com crochê parece ser mais fácil, já se tem uma gama enorme de blusas "de verão" que são tradicionalmente feitas em crochê, além dos biquinis e das saídas de praia. Mas o tricô ainda carrega, ao meu ver, uma aplicação altamente invernal. O quer dizer, na minha terra, apenas um mes no ano, ou seja, 1/12 do tempo.

    Não há empresa nacional que vá focar em tão pequeno nicho. (eu sei, não é um numero pequeno de pessoas, mas se comparado com o mercado nacional de cerveja, o mercado nacional de tricô é minúsculo)

    Por favor, contra-argumente.

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  6. O que falta no mercado brasileiro? Apostarem no BOM GOSTO! os produtores de fios apostam na moda e só na moda. O mercado está lotado de fios com bolotas, fiapos e multi coloridos, pois as campanhas mostraram os tricôs esburacados que se fazem com agulhas grossas em 5 minutos.
    Essa é uma tendência que permeia não só o mercado de fios, mas todo o mercado: produtos sazonais e descartáveis. Os produtores não investem nos fios de fibra natural - provavelmente por serem mais caros - e darão mais prejuízo se encalharem, nem tampouco nos clássicos, porque também tem mais chance de 'encalhar'. Tudo é pensado em função do escoamento rápido, do consumo imediato.
    Por isso admiro e parabenizo as iniciativas em sentido contrário e acho que para sua sobrevivência estes devem se associar às novas desenhistas e modistas, pois sozinhos só poderão oferecer produtos muito caros.

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  7. Eu concordo com a Daiane, moro em MS,fz muito calor então os fios só se acham nos meses de Inverno, depois só linha,sem falar nas agulhas, muito ruins. As pessoas ainda pensam q tricotar é pra idosa, sempre q estou tricotando em lugares públicos, as pessoas me olham como se eu fosse um ET.Quando quero um material melhor, compro pela net, as revistas nacionais são bem ruins, já comprei revista com erros grosseiros até pra mim q ñ sou nenhuma expert no tricô.Mas enfim; com os Congressos, e maior divulgação, chegaremos lá, fios e agulhas de melhor qualidade, designer como vc com uma visão nova (técnicas)sempre ajudando as outras nessa delicinha de caminhada, onde vamos tecendo nossos sonhos. bjkas.

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  8. Como Curitibana, faço parte de uma minoria brasileira que sente frio a maior parte do ano. Por isso, sinto falta de linhas com qualidade, daquelas que você tricota e usa por muito tempo sem fazer bolinhas nem esticar ou encolher na primeira lavada. Também não temos ainda no Brasil agulhas, tanto de tricô como de crochê com qualidade, que facilitem o nosso trabalho. Mas acho que realmente falta é a valorização dessas artes manuais. Ainda hoje as pessoas pensam que fazer tricô ou crochê é para pessoas idosas, sem nenhuma outra ocupação. Concordo com a Rosa quando ela diz que parecemos ETs quando tricotamos em lugares públicos. É essa mentalidade que tem que mudar!

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  9. Acho que todo mundo já falou, né? Fios clássicos sintéticos e naturais de boa qualidade - dos grandes fabricantes, só temos algodão; fios mais finos em cores adultas; boas agulhas a preço módico (as joias importadas a gente pode continuar comprando, mas gostaria de poder comprar "agulhas de emergência" sem comprometer o cartão de crédito). E revistas decentes, de bom gosto. O artesanato brasileiro "oficial" - o que aparece nas revistas e feiras populares - está cada vez mais cafona e repetitivo.

    Ah, discordo de quem bate na tecla do frio. Tricô e crochê não são só para frio. Há décadas faço e uso muitas blusinhas de verão de tricô e crochê, aproveitando os bons fios de algodão que temos aqui no Brasil. E ficam muito mais fresquinhas e confortáveis do que o lixo de poliéster que tanto se vende e tanto se usa.

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  10. Acredito que, além da questão já abordada sobre fios e clima, sinto muita falta de material impresso de qualidade. Ou seja, termos bons livros e revistas nesta área. Mas sei também que isto está relacionado com o preconceito que aqui existe, relacionando o tricô ao idoso. Portanto, para que haja mais material de qualidade, mesmo para o caso dos fios, é necessária a divulgação do tricô como arte para qualquer sexo e idade, tendo em vista todos os seus benefícios e carência de atenção por parte do mercado. Dessa forma, o número de designers e adeptos a esta manualidade será maior, crescendo também a quantidade de escritores.

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  11. Falta respeito pelo trabalho manual.
    Levar a sério o que é sério e não sub valorizar o trabalho das mãos.
    Não se interessam em fabricar ferramentas de qualidade, específicas para diversos tipos de trabalho, acessórios que ajudam a fazer trabalhos mais bonitos ainda de material de qualidade, pra todos os gostos. Descontinuam a fabricação de tipos de lãs ou linhas que fazem sucesso, lançam mesmice que não tem muita opção de trabalho, tiram rótulos tradicionais ou pioram terrivelmente a qualidade dos mesmos.

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  12. Falta lugar. Lugar para ir, sentar, tricotar e trocar idéias e experiências.
    Dá para trocar muita experiência pela web, mas os espaços físicos estão acabando, e/ou não se renovando.

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  13. O que falta? Para mim, bastaria termos tudo de boa qualidade. Seja acrílico ou lã....Agulhas circulares....Quando o material é bom, tudo fica melhor e chama a atenção de novos consumidores.

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  14. O que falta?
    Como disse uma amiga num dos comentários acima, apostarem no bom gosto e que bons fios podem vender bem sim, desde que os proprios fabricantes "invistam" em sua duvulgação. Atualmente eu vejo os fabricantes com aquela conversa de usar fios de efeito dai a tricoteira faz rapidinho peças fáceis. E quem gosta de um trabalho mais elaborado fica a ver navios. Outra coisa é criar uma cultura entre as proprias artesãs de que um bom fio faz a diferença e de que existem outras possibilidades alem do que vemos por aqui. Se nós consumidoras exigirmos os fabricantes uma hora ouvirão. Essa cultura de que croche e trico tem que usar fio baratinho tem que morrer. Enfim como muitas falaram acima falta material de qualidade e mais respeito por quem faz trabalhos manuais, esse negocio de dizer que trico e croche é coisa de vó cansa.

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  15. Parabéns pela iniciativa, Iris e Clara, eu ainda engatinho no tricô, mas minha peça em tricô foi feita há mais de 20 anos, um blusão para o ex nem tinha noção de cava e gola rsrsrsrs fiz um conjuntinho para minha filha, qdo estava grávida, de lá pra cá muita coisa mudou, aprendi tanto na internet e revistas compradas em bancas, encontros em várias cidades com pessoas que entendem do assunto, e assim a cada dia conquisto um saber, novidades e outras coisas no tricô, acho que a revista brasileira deveria ser mais complexa, as receitas deveriam ser escritas e testadas antes de publicarem, pq o que se vê por ai, são receitas tortas, sem pé e nem cabeça rsrsrs investirem mais nos acessórios e ter mais designer brasileiras, acho que estamos evoluindo para que isso aconteça, eu só queria ter mais tempo pra poder dedicar a essa arte que amo.

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  16. Quando eu digo que falta frio. Eu não quero dizer que não há trico para o calor. Eu quero dizer que o foco do mercado nacional é sempre trico para o frio.

    Não estamos na Europa, estamos no Brasil. Qualquer industria focada no mercado nacional tem que pensar no calor e em como fazer para usar o trico no calor.

    Como muitas já disseram, as publicações nacionais são muito ruins. Mas, não somente as de trico/croche. Mas também as de cartonagem, de bordado, de pintura. Nem aquelas revistinhas que se compra pra entreter as crianças com pinturas e passatempos se salvam.

    As publicações nacionais poderiam sim mostrar peças maravilhosas, modernas, com fios estupendos, feitas com agulhas fenomenais, tanto para o frio quando para o calor. Afinal, nem sorveteria fecha as portas no inverno!

    Agora, com a mentalidade atual de só fazer capa de privada colorida em crochê não vai rolar peças boas, bonitas e modernas.

    Tem a questão de 'o que falta no mercado nacional' e tem a questão 'o que eu posso fazer para que o meu artesanato seja visto como arte'. Eu me recuso a fazer capa de privada com flores coloridas, não importa quantas revistas sobre isso eu veja na fila do mercado, elas só servirão para me lembrar o que não fazer nunca.

    obs: tenho tricotado muito no busão e ainda não levei nenhum olhar fulminante. Vou tentar ir tricotar no shopping assim que possível.

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  17. Parabéns por tudo Clara e Iris, meninas eu acho que falta a valorização das pessoas com referencia ao trico, quanto ao preço e ao uso.
    Vejo muitas pessoas que dizem ai nossa blusa de trico é coisa de vovozinha, não levam a serio.

    Acho que por enquanto é isso

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  18. Além dos fios de qualidade, sobejamente mencionados, creio que falta também traduções de livros de técnicas e/ou pontos de tricô, como os da Elizabeth Zimmermann, Barbara Walker, entre outros. Evidentemente que essas traduções teriam que ser feitas por tradutores que também tricotassem.

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  19. Fios brasileiros de qualidade, mas a Aslan está trabalhando nisso. Acessorios de tricô são muito dificeis de encontrar por terras brasileiras.
    Parabens Clara.

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  20. Para mim o que falta, além de livros e revistas de qualidades em português.
    Mais além disso eu acho que fios bons e baratos. Eu sei que a maioria do pessoal no mundo do tricô pode investir em fios caros e de boa qualidade, mas eu estou na minoria que não tem como investir em fios e agulhas caras e isso complica totalmente. Mais para mim como inciante acho que faltam bons livros.
    Ah e para descontrair o papo, acho que faltam lojas que vendam a tal da régua que mede o milimetro das agulhas de tricô por que a inteligente aqui comprou as agulhas baratinhas que não tem escrito a numeração, esqueceu de marcar e agora tá tudo misturado.

    Bjs Meninas

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  21. Eu acho que faltam sim agulhas de trico e crochê de maior qualidade.

    Porem, o que mais sinto falta são as publicações de qualidade: receitas bem escritas e em vários tamanhos, ate parece que no Brasil só tem magérrimas pois a maioria das receitas são para tamanhos pequenos e "quando" temos um tamanho grande eh exclusivo. Assino uma revista estrangeira que traz as receitas em todos os tamanhos e em cada numero traz explicações de uma técnica diferente.

    Preconceito a parte, por favor. Eu não acho, repudio ate a ideia; mas se a maioria acha que trico e crochê eh coisa de velho, então esta na hora das empresas aproveitarem o nicho, pois estamos nos transformando num pais de pessoas longevas. Fornecer produtos de qualidade para nosso crochê e trico eh ter visão de mercado.

    A expectativa de vida da população brasileira aumentou 25,4 anos entre 1960 e 2010. A idade média de vida passou de 48 anos para 73,4 anos. As informações constam no relatório final do Censo 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Eu só quero ter fios, agulhas e publicações boas; seja no verão ou inverno.
    Quero tricotar e crochetar com fios e acessórios condizentes com nossa época.

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  22. Publicações de qualidade, materiais em geral.

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  23. Falta material impresso de boa qualidade, traduções de clássicos do tricô.
    Em Florianópolis especialmente, falta divulgação, promoção de eventos,encontros boas lojas de material tricosístico. Sugestão: continuar com o trabalho na linha do extinto site tricoteiras, que muito contribuiu para a popularização (no bom sentido) do tricô no Brasil.

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  24. Não aprendi a tricotar com avó pois sou do Ceará e morei lá até os 30 anos e realmnente falta frio para o tricô. Antes do tricô eu fazia tapetes em arraiolo. Depois de mudar para o sul, aprendi a tricotar com a internet, em ingles com receitas do Ravelry e aplicativos diversos pois a carência no Brasil é grande.

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