quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Por que todo mundo quer fazer artesanato?

Por Clara Quintela

No começo desse ano aconteceu o 9º Colóquio Brasileiro de Moda, o maior congresso científico de moda no Brasil e espaço de intercâmbio entre estudantes e pesquisadores de Cursos de Graduação e Programas de Pós-Graduação.

O congresso, no entanto, não discute apenas moda e design.  Mas procura explorar a moda do ponto de vista social, cultural, psicológico, e comunicacional, buscando reunir diferentes abordagens e pontos de vista sobre a prática, o ensino e a cultura.

Pois bem.

No começo desse ano, estava batendo papo com uma amiga de infância, a Cristina Silva, contando para ela como era trocar o jornalismo para viver e ganhar a vida com tricô, quando ela deu a idéia: "vamos escrever um artigo sobre artesanato para o colóquio?!".

Confesso que artigos eu já escrevi muitos, mas nunca havia feito um acadêmico, com todas as citações necessárias para sua validação. Dado meu interesse pelo assunto, topei na hora e sem pensar muito. E saí correndo em busca de referências.

O primeiro rascunho falava sobre a coisa "mágica e romântica" que é trocar uma carreira profissional sólida pela volta aos trabalhos manuais. Na minha cabecinha, era tipo uma "tendência". Aí, fui mostrar a outra amiga, a professora Renata Gomes, Doutora em Semiótica da Cultura pela PUC-SP. Ela sutilmente me recomendou a leitura de alguns textos sobre capitalismo cognitivo e trabalho imaterial. Uma semana depois, joguei fora tudo que tinha escrito, e recomecei do zero.

Essa coisa "mágica e romântica" que a gente acha que é trocar uma carreira profissional sólida pela volta aos trabalhos manuais não existe. Não é uma "tendência" que surgiu do nada. Na verdade, ela vem num crescente desde o fim da década de 60, e se constitui na base do capitalismo, agora na era chamada cognitiva que veio se contrapor ao modo fordista de produção.

E o protagonista desse novo momento é justamente um novo tipo de artesão, também chamado de "crafter" (termo que eu detesto, digno de passagem): aquela pessoa que fez do seu hobby seu modo de ganhar a vida, mas que difere do artesão convencional porque não é o trabalho manual seu único trabalho e pelo acesso que tem à informação (muitas vezes em várias outras línguas).

Enfim. Semanas depois, nascia o artigo "Artesanato e Trabalho Imaterial", explicando porque todo mundo agora quer fazer artesanato. O artigo foi aprovado com nota 4 (de 5) e apresentado pela Cristina, que é professora do Senai, no evento.

Ficou curioso para ler? Pois aqui está o artigo na íntegra. Leia e diga o que você pensa sobre esse assunto.

 

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