quarta-feira, 13 de maio de 2015

Tricô e crochê: roupa, decoração e arte

Nas mãos de Anne Galante, os fios tramados transformam-se em mais que peças, são expressões de uma apaixonada “viciada” pelas técnicas




[caption id="attachment_3288" align="alignright" width="300"]Anne Galante - Crédito foto: Iris Alessi Anne Galante - Crédito foto: Iris Alessi[/caption]

Os trabalhos manuais, como o tricô e crochê, passam de geração em geração. Na grande maioria das casas, são as avós, mães e tias que ensinam as técnicas para as herdeiras. Mas não foi assim com Anne Galante, proprietária da marca Srta. Galante. “Minha vó odiava tricô e crochê. Ela falava que se a pegassem fazendo tricô e crochê era para internar que ela estava louca”, conta Anne.

Sua mãe até lhe ensinou os pontos básicos de tricô, mas ela teve de ser autodidata para aprimorar. Anne começou aos 12 anos. “O resto foi dedicação minha, vontade minha de ir atrás e ir aprendendo, desenvolvendo, pensando, tentando fazer uma história nova”, completa ela, que até seis anos atrás não sabia os nomes dos pontos. Enfrentou críticas das pessoas conhecidas quando decidiu seguir a carreira nos trabalhos manuais. “Falaram que eu não ia ganhar dinheiro com isso nunca”, recorda.

[caption id="attachment_3284" align="alignleft" width="262"]Vestido de noiva criado e feito por Anne Galante - Crédito foto: Divulgação. Vestido de noiva criado e feito por Anne Galante - Crédito foto: Divulgação.[/caption]

Formada em moda, transformou o tricô e o crochê em seu trabalho. “O tricô sempre esteve presente em minha vida. É uma evolução contínua, tricô e crochê viciam e eu sou realmente uma viciada mesmo”, diz ela que leva seu trabalho para todos os lugares – para encontrar o namorado ou para o bar.

Srta. Galante é um ateliê de criação, desenvolvimento e produção, como ela mesma gosta de salientar, que além de produzir peças e criar modelos, desenvolve os produtos base, com os fios utilizados. Suas roupas estão divididas entre a marca própria e o private label, que é a criação para marca de terceiros. Atualmente, ela trabalha com os estilistas que sempre quis trabalhar e que considera os melhores do país.

 

Arte

[caption id="attachment_3287" align="alignright" width="300"]Street Art em São Paulo - Crédito foto: Bobby Molina/Divulgação Street Art em São Paulo - Crédito foto: Bobby Molina/Divulgação[/caption]

Mas nem só de moda vive uma tricoteira e uma crocheteira. Além de peças de roupas, o ateliê também cria e produz peças de decoração. “O que acontece é que a moda e decoração são mais o meu trabalho do que o meu lazer”, ressalta.

Anne também se encontra com a arte. Ela trabalha com street art, com intervenções urbanas utilizando as duas técnicas milenares para ser sua “brincadeira”. “Mas não quer dizer que eu gosto mais, não. É simplesmente porque não é uma coisa de obrigação.”

[caption id="attachment_3283" align="alignright" width="300"]Detalhe do trabalho em crochê feito por Anne Galante - Crédito foto: Bobby Molina Detalhe do trabalho em crochê feito por Anne Galante - Crédito foto: Bobby Molina/Divulgação[/caption]

A arte também é uma fonte de inspiração para Anne. “Eu estudei moda. Mas eu sou muito ligada nas artes plásticas, arte de rua. A arquitetura e arte de rua é o que mais influencia [nos meus trabalhos].”

Para Anne, o trabalho da toda tricoteira e crocheteira tem que ser tratado como arte, “porque tem que ser feito com muito amor, muita dedicação, e nenhuma peça sai igual à outra”.

 

 

Materiais

[caption id="attachment_3285" align="alignleft" width="300"]Trabalhos de decoração - Crédito foto: Divulgação Trabalhos de decoração - Crédito foto: Divulgação[/caption]

Aliás, para produzir suas peças, Anne não se prende aos fios tradicionais. “Qualquer coisa que virar fio, que se consiga transformar numa coisa contínua dá para fazer o tricô e o crochê”, destaca.

Para compor, Anne gosta de andar por locais diferentes para fazer pesquisa de fio, como, por exemplo, andar pela Santa Efigênia e utilizar alguns fios de telefone, cabos de internet, fitas de vídeo antigas, sacos plásticos para trazer um efeito diferente para a peça. “Eu gosto de pesquisar tudo mesmo. Se me der um cabelo eu faço um crochê de cabelo”, diverte-se.

Criatividade

[caption id="attachment_3286" align="alignright" width="300"]Anne Galante com suas agulhas - Crédito foto: Divulgação Anne Galante com suas agulhas - Crédito foto: Divulgação[/caption]

A busca por materiais diferentes faz parte do estilo de Anne Galante. Ela não se rotula de estilista, designer, mas sim de tricoteira/crocheteira e o que mais interessa a ela é estar sempre inovando em seu trabalho. “Eu não gosto de fazer nada repetido, então para sempre inovar tem que fazer estas pesquisas”.

Para montar as coleções de sua marca própria, Anne gosta de trabalhar com as agulhas em mãos. O processo criativo consiste em escolher um fio, sentar e tecer. Uma peça pode ser transformada em outra durante a execução. “Esse é o meu melhor processo. É o mais demorado, mas é o melhor.”

Anne é uma incentivadora do faça você mesmo uma peça com a sua cara. Ela acredita que é preciso investir em peças exclusivas, que cada pessoa tem espaço para trabalhar o seu produto sem precisar copiar o que o outro já fez. Usar outros formatos nos pontos básicos, criando o diferente. “As pessoas gostam do diferente, elas só demoram a se acostumar com isso.”

 

 






Dados- Para a produção de suas peças, Anne Galante, tem mais de 80 tricoteiras e crocheteiras trabalhando em suas casas. Divididas em grupos, essas profissionais trabalham na região da grande São Paulo. Anne só atua com artesãs de São Paulo com o objetivo de incentivar o desenvolvimento local.

- Anne participa de um projeto social chamado Laços Unidos Contra o Frio, que distribui mantas para pessoas em situação de vulnerabilidade e para instituições beneficentes. As mantas são montadas em encontros em parques.

- Em seu trabalho, busca que nada vire lixo. O que sobra de fios é utilizado na confecção das
mantas.

- E visa também o consumo sustentável: incentiva a pessoas a comprarem menos, mas produtos de maior qualidade e durabilidade.


Um comentário:

  1. [...] amor e carinho para aquecer as pessoas que recebem a peça feita. E é com o intuito de aquecer que Anne Galante (vocês já leram sobre ela aqui no Informação em Ponto), do Srta. Galante, promove o Laços [...]

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